Adão e Ador
Dedico aos desesperados, atingidos pela mágoa contemporânea
Giovani Pasini (professor e escritor)
E-mail: professorpasini@gmail.com
Adão era um pecador bastante conhecido
pelos estudiosos bíblicos. Já Ador, seu irmão, era um anônimo na história de
toda humanidade. Enquanto Adão havia sido o primogênito, personagem famoso, acompanhado
por Eva, em todas as adorações e traições; Ador tinha a imagem escondida, pouco
explorada pelo cidadão contemporâneo.
Ador era forte na ideologia, tinha variadas
palavras ofensivas e, por mais que alguém tentasse falar vocábulos de amor,
Ador era quase que insuportável. Tinha sempre a razão, na sua arrogância muito
peculiar. Ador escondia a fragilidade de sua personalidade, utilizando de
armas, bombas e tiros de metralhadora.
Adão teve diversos filhos, entre eles Cain e Abel. Cain, o invejoso, acabou matando Abel.
Ador teve duas filhas: a Capital e a Social. Cain casou com a Capital e Abel desposou a Social. Mas,
após a morte do irmão, foi Cain que teve inúmeros filhos tanto com a Social,
quanto com a Capital. Essas duas eram difíceis, pois ambas cultuavam a
violência. A Capital gostava de oprimir, em virtude de sua riqueza; a jovem Social,
por sua vez, adorava revolucionar, derrubando os burgueses e os enforcando. A Social
matava e a Capital fazia morrer.
Ador, Capital e Social tiveram inúmeros
descendentes, entre netos, bisnetos, tataranetos, dentre os quais, a maioria de
nós.
Ador era gigante na sua religião. Prevalecia
sobre os pobres e os ricos, principalmente nos que tinham a predisposição de
agir com aquela ‘fraqueza’ chamada de respeito, ou a ‘imbecilidade’ denominada
de humildade.
Adão, apesar de ser o mais célebre, de
ter desobedecido as ordens divinas, não tinha tanta influência nos costumes. É
verdade que tinha “traído” a confiança de Deus, mas isso não importava, pois
Deus não poderia ser traído, uma vez que era onipresente e onisciente.
Ador era muito maior do que isso. Estava
presente na política e em toda a nossa sociedade fuleira, principalmente no
vazio intercultural.
Adão comeu a maçã, seduzido por Eva.
Ador engoliu a paz, encantado por Ideologia, outra nefasta, a amante mais
desejada; irmã mais próxima do corrupto Poder.
Ador matou qualquer esperança de um mundo melhor, sem violência. Tornou-se Rei na
Terra da Idiotice, uma jihadista
árabe, descendente de católicos que combateram nas Cruzadas. Há alguns meses, Ador
encomendou centenas de aviões franceses, para lançar mísseis nas crianças-bomba
da Terra Prometida. Ador era a vingança.
E Adão? Adão voltou ao paraíso, para
assistir ao filme Star Wars,
deixando-nos Ador ignorante, do lado de cá da Força.
escelente documentacion que compartes con todos , recibe desde mis horas rotas saaludos.jr.
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