A árvore andante
Era uma
vez uma árvore que não gostava de ficar parada. Ela achava que todos os seus
dias de existência haviam sido inúteis, em virtude daquela vida imóvel. Estava
totalmente descontente com a sua realidade de raízes longas, profundas, sempre na
mesma posição em relação ao mundo. Era realmente uma árvore triste.
Certa
feita, pediu ao jabuti que a ajudasse de alguma forma, pois ela queria conhecer
as belas coisas do planeta: navegar pelos oceanos; ter a sensação inebriante de
todos os amantes; subir e descer morros, em horizontes distantes. O jabuti –
mesmo com pena – não pode ajudar, pois achava que cada um tinha a sua
característica, na diversidade. Infelizmente, esse não era o pendor da planta. A
árvore brigou com o jabuti.
Um dia,
de tanto pedir para todos os animais que passavam pelo seu caule, acabou conhecendo
o ardiloso coiote, que ouviu todas as suas angústias. O canino maquiavélico disse:
“- Deixa comigo! Sou seu amigo... A cada dia iremos cortar algumas de suas
raízes e você sairá andando!”
E assim
foi. O coiote trouxe um humano que, em poucas horas, cortou metade das raízes
da árvore. Naquele momento, a planta sentiu-se cansada, mas um pouco mais
livre. Nos dias que se passaram, entre cansaço e liberdade, restou a última
raiz de vida; que foi cortada.
Após o
fato, o coiote foi adulado com carnes fabulosas. A árvore percorreu vários
locais do mundo – morta – em móveis interessantes, de frígidos humanos. A
liberdade tinha sido o seu fim.
(Nossas
raízes são a nossa energia).
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