Que país é esse?
Dedicado aos 'velhos' e aos novos fãs do Legião Urbana
Giovani Pasini (professor e escritor)
E-mail: professorpasini@gmail.com
"Nas favelas, no Senado, sujeira pra
todo lado, ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da
nação!"
Há cerca de trinta anos, o cantor e
compositor Renato Russo criava uma de sua letras mais importantes: "Que
país é esse?". Uma literatura do passado, ainda muito atual.
Na quarta passada, a população de Santa Maria
que foi até a UFSM conseguiu reviver o sonho de ter a presença daquele grupo
Punk, do Planalto Central.
Na minha opinião, o vocalista convidado, André Frateschi,
surpreendeu positivamente ao conduzir a sua apresentação com uma qualidade ímpar.
Ele se colocou - nem abaixo, nem acima - de Renato Russo. O vocalista,
acompanhando de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, muito respeitosamente, ficou
ladeado do inigualável Renato Russo.
Digo isso, pois a maestria da apresentação
fez com que a plateia, na sua maioria, fosse ao delírio. Nós, uma geração
Coca-Cola quase ultrapassada, ainda consegue explodir com aquela arte idealista
(mais que ideológica), do grupo que produziu músicas que nos faziam sonhar com
a modificação de nosso país.
A realidade é que cerca de trinta anos
depois, o "Brasil ainda vai ficar rico, vamos faturar um milhão, quando
vendermos todas as almas, dos nossos índios num leilão!".
Como acrescentou o Dado, durante o show desta
semana: "O nosso ideal era que o Brasil suplantasse essa música, quando a
construímos". Numa nação assoberbada de pessoas buscando tirar vantagens
indevidas, principalmente os de maior influência e poder, infelizmente, ainda
estamos com "sujeira para todo lado", num jogo de forças, em grupos
antagônicos, que visualizam unicamente a obtenção ou manutenção do poder.
Caro leitor, nesse mundo opressor, a arte
serve de uma fuga para a realidade atroz. Não uma escapatória covarde, mas uma
libertação do que é efêmero. Afinal, os politiqueiros do Brasil e do mundo já
estão mortos, sem saber, com os corpos em lenta putrefação. Para nós, vivos, só
resta ficar sem a voz, de tanto gritar com o coração.
"Tenho andado distraído, impaciente e
indeciso e ainda estou confuso, só que agora é diferente, estou tão tranquilo e
tão contente... Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era
provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém..."
O Legião Urbana voltou.
O mundo não está mais perdido. Nem o tempo.
Tempo perdido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por deixar o seu comentário neste blog.
Agradeço o tempo investido nesta comunicação.